quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um longo caminho

Cada minuto na presença de Deus significa conforto incomparável. A maior surpresa de quem se assenta aos seus pés pela primeira vez é ouvir um doce "não temas" em seu coração. Claro que nesse momento você não entende absolutamente nada. Afinal, você tem todos os motivos do mundo para ter medo. Lá está você com medo da morte, da vida, do amor, da rejeição, medo de errar, medo de si mesmo, medo de Deus, medo dos homens ou até de fantasmas, quando, de repente, Deus sussurra um suave "não temas" ao seu ouvido. É inacreditável. Que Deus é esse que quer que eu lance sobre ele o meu jugo? No princípio ficamos meio desconfiados; mais tarde ficamos totalmente encantados.

O motivo para não temermos está em seu amor perfeito. Se você se aproxima dele, já não tem motivos para ter medo de nada! Ele é a resposta para cada um dos nossos temores. "Busquei ao Senhor, e ele me respondeu, e de todos os meus temores me livrou." (Salmo 34:4)

Mas essa boa nova tem uma segunda parte prática: "Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros." (1 João 4:11)

Se não existe medo no Reino de Deus, não há porque existir medo na família de Deus. Eu tenho aprendido uma coisa linda: Estou destinada a amar a cada irmão na fé por toda eternidade. Estou destinada a perdoar todas as ofensas e começar de novo quantas vezes for preciso. Este é o Caminho preparado para mim no qual devo andar. Mas eu jamais conseguirei andar nele com o meu amor manco. Não chegaria muito longe. O mesmo amor que não consegue me suprir é incapaz de suprir a outros. Se eu mal consigo me perdoar, como vou perdoar a quem me fere? Se eu conseguir esse feito uma vez, será muito. Motivo de festa. Talvez uma alma nobre consiga perdoar verdadeiramente umas sete vezes a um ofensor obstinado. Mas Cristo, o Senhor, ordenou que eu perdoe muito mais que qualquer nobre alma recordista. Ele certamente estava falando de outro amor que não o meu...

O Caminho de Deus está diante de mim. E andar nele é como andar sobre as águas. É um caminho humanamente impossível de trilhar. Mas, se para Pedro bastou um "vem" do mestre, para mim basta ouvir a doce voz de Cristo me chamando para estar com ele. É a seus pés que recebo o seu amor sobrenatural e poderoso. E assim como os pães multiplicados por Jesus, esse amor alimenta a uma multidão faminta e ainda sobra resto.

Portanto, Jesus não só me livra dos meus temores, ele também me livra de ser um motivo de temor, pois "o amor não faz mal ao próximo" (Romanos 13:10). O Caminho de Deus é um caminho de paz para mim e para os que vão comigo. Não é lugar para estraçalhar corações. Ninguém pode andar por ele portando armas. Nós que somos do Caminho não temos tempo para lutas. Temos muitas feridas para sarar. As únicas lutas legítimas são as que travamos em defesa do Reino. No Caminho não trabalhamos para nós nem vivemos para nós. Não temos inimigos, caminhamos com irmãos. Não importa como eu chamo a cada um deles. Antes de serem pais, amigos, parentes, namorados, ex-namorados, vizinhos, maridos ou esposas, são peregrinos comigo. Completarmos a carreira proposta é o nosso objetivo. E para isso dependemos uns dos outros, pois a qualquer momento em que deixarmos de amar estaremos fora do Caminho.

Meu desejo e oração é ser cheia do tipo de amor que cuida, que protege, que encobre a nudez, que dá abrigo, que alimenta, levanta, e que tem vigor celeste para começar tudo isso outra vez sempre que necessário. Eu quero ser um porto seguro para os meus irmãos na fé que convivem comigo, pois entre nós não pode haver temor. O verdadeiro amor lança fora o medo.